O check-up da próstata: quando começar e o porquê
Exame periódico da próstata = PSA (exame de sangue) + toque retal
O que é o PSA?
O PSA (sigla de antígeno prostático específico, em inglês), é um exame medido no sangue que é marcador de que alguma coisa está “errada” com a próstata. Portanto, indica que alguma coisa não vai bem com a próstata, porém não estabelece se é um tumor, uma inflamação ou um aumento benigno.
O que é o toque retal?
O toque retal faz parte do exame médico completo. Ele é considerado polêmico por muitas pessoas, porém em cerca de 20% dos tumores de próstata que crescem sem aumentar o PSA, o toque é o único modo de se suspeitar destes tumores. Além disso, o toque retal pode ajudar no diagnóstico de doenças intestinais, como tumores de intestino, além de estabelecer critérios para tratamento de sintomas urinários, como: levantar muitas vezes a noite para urinar, jato urinário com pouca pressão, ter que ir ao banheiro seguidamente... O toque pode predizer qual medicamento deve ser usado, qual procedimento deve ou não ser recomendado... enfim, é um guia para o urologista.
Têm sido relatado, na literatura médica, que mais de 90% dos homens tem medo do toque retal e que cerca de 85% dos que fizeram o exame, na verdade acharam que o exame seria pior do que ele realmente é.
O que é o câncer de próstata?
O câncer de próstata é o tumor mais freqüente em homens, só é menos comum que os tumores de pele. Também é o segundo tumor que mais mata homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pulmão.
O câncer acontece quando um grupo de células da própria próstata começa a crescer sem controle.
O câncer da próstata é muito comum?
A cada 6 homens que conhecemos 1 terá câncer de próstata ao longo da vida
A cada 33 homens que conhecemos 1 irá morrer de câncer de próstata.
Em homens acima de 45 anos, o câncer de próstata só perde em mortalidade para as doenças cardio-vasculares e pulmonares.
O câncer de próstata pode ser prevenido?
Muitos estudos foram e estão sendo realizados, investigando vários fatores (ex.: licopenos do tomate, “vitaminas” como o selênio e zinco, nenhuma forte evidência suporta o uso destes como preventivos). O uso de medicamentos para tratar aumento benigno da próstata parece prevenir o crescimento de alguns tumores. Certamente, não fumar, ter hábitos saudáveis, se exercitar, manter mente e corpo ativos, procurar regularmente um médico contribui para uma saúde geral ótima.
Quem tem risco aumentado para desenvolver câncer de próstata?
Homens que tenham tido um familiar próximo (ex: pai, tio...) com câncer de próstata, homens obesos com dieta rica em gorduras e homens da raça negra, são orientados a iniciar antes o rastreamento, por volta dos 40 anos, pois apresentam maior risco de desenvolver tumor de próstata. A idade normalmente sugerida para início do rastreamento é aos 50 anos.
O que “rastreamento” significa?
Rastreamento é o popular “check-up”, significa que estamos tentando encontrar um sinal da doença antes que ela se manifeste. Procurando por tumores em fases mais precoces da doença, onde os tratamentos são mais efetivos. Tanto o PSA quanto o toque retal não fazem diagnóstico, apenas sugerem que outros exames devem ser solicitados, no caso, uma biópsia da próstata.
Qual a “precisão”, a acurácia destes testes?
Nenhum exame médico é 100% correto. Depende muito do ponto de corte, do valor que adotamos para definir se o teste é positivo ou não.
De modo geral, a cada 100 homens que fazem o PSA, 15 terão o PSA anormal e destes 15, 3 terão câncer confirmado no biópsia.
O que os experts dizem sobre o rastreamento, exame seqüencial da próstata?
No final do ano passado, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) declarou que o exame da próstata ANUAL não era recomendado. Tal fato, gerou um mal estar nas diferentes Associações médicas e a polêmica da necessidade ou não do exame de próstata ganhou espaço em revistas de grande circulação nacional e programas de TV. Logo depois o INCA tentou esclarecer a população que ainda não existiam evidências científicas para que um rastreamento de câncer de próstata salvava vidas e que fosse adotado como uma política de saúde pública, para todos os homens.
Na verdade, existem prós e contras. O que vai pesar mais na balança, vai ser a tua decisão com teu médico. Preferencialmente, um especialista atualizado, que possa esclarecer todas as tuas dúvidas e ajudá-lo a tomar uma decisão consciente, considerando as muitas variáveis que podem afetá-lo, como por exemplo: a idade, a velocidade de crescimento do PSA, a porcentagem do PSA livre, tamanho da próstata, outras doenças associadas...
Novos resultados demonstram uma queda na mortalidade
A BELEZA ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM VÊ
Mês passado, durante o Congresso Europeu de Urologia, O Prof Schroeder apresentou resultados de um dos estudos mais esperados pela comunidade médica, o Estudo Europeu de rastreamento do câncer de próstata; recém publicado em uma das mais renomadas revistas médicas, a New England Journal of Medicine (NEJM). Este estudo, junto com os estudos PLCO e o PIVOT nos Estados Unidos e o PROTECT no Reino Unido, tenta esclarecer se o exame anual da próstata diminui ou não a mortalidade. E pela primeira vez na história ficou evidente que o exame seqüencial diminui a mortalidade da doença.
Bem, como toda boa história existem 2 lados.
Argumentos CONTRA: considerando uma população, o exame em massa não havia demonstrado uma queda na mortalidade. O custo-benefício do exame do PSA ainda não foi demonstrado. Se adotado em uma população, existe a chance de muitos tumores pouco agressivos serem descobertos e tratados, sem um benefício real para um indivíduo e por conseqüência complicações que prejudicam a qualidade de vida.
Argumentos a FAVOR: o exame de rotina demonstrou uma queda de 20% na mortalidade.
Você pode estar pensando: Será que 20% não é muito pouco?
A minha resposta é a seguinte: cada pessoa é única, se acontece contigo ou com algum familiar a estatística é 100%... 100% de cura ou 100% de morte, assim por diante
Quanto representa uma queda de 20% na mortalidade?
Nos EUA, onde os dados são mais confiáveis que as estatísticas brasileiras, a cada ano 220.000 americanos são diagnosticados com câncer de próstata e 29.000 homens perdem a vida devido ao câncer de próstata.
Portanto, uma queda de 20%, representa que quase 6.000 homens ou famílias não vão perder o patriarca por causa desta doença. Porém, para essas 6 mil vidas serem poupadas, muitos homens devem ser tratados e a maioria ser tratados sem realmente ter benefício com isso.
O exame periódico só diminui mortalidade ou traz outros benefícios?
No mesmo estudo ficou demonstrado que o diagnóstico precoce e o tratamento precoce diminuíram em 41% a chance de um paciente apresentar doença disseminada, como “raízes” ósseas, as chamadas metástases, que tanto podem prejudicar a qualidade de vida destes pacientes numa fase avançada da doença.
Quais os riscos de fazer o rastreamento do câncer de próstata?
1 chance em 10, de ter a próstata biopsiada ao longo dos próximos anos.
2 chances em 10, da biópsia ser positiva para câncer de próstata e do homem precisar de um tratamento.
Talvez apenas 1 em cada 2 destes homens realmente apresentem um real benefício se tratados.
Conclusão
A cada 1400 homens que fizerem o exame do PSA, 1 vida é salva
A cada 48 homens tratados, 1 vida é salva e cerca de 20 homens não apresentaram doença disseminada por um período de 10 anos.
Provavelmente, os outros 27 terão tumores pouco agressivos e o tratamento pode não os beneficiar, inclusive trazer prejuízo para a qualidade de vida de alguns.
Apesar da maioria dos homens morrer “com” o câncer e não “pelo” câncer de próstata, na última década, a mortalidade da AIDS no Brasil caiu de 15.000 óbitos/ano para 10.000 apesar de todos os investimentos do Ministério da Saúde. A taxa de mortalidade do câncer de próstata é quase 2x maior que a da AIDS no nosso país. De 2002 a 2007, a mortalidade pelo câncer de próstata decaiu de 32.000 mortes/ano para 29.000 mortes/ano nos EUA, um país onde o rastreamento é largamente realizado e onde 95% dos médicos se submetem aos exames periódicos.
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