CORREIO DO POVO

PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 13 DE JULHO DE 2009

Transfusão é grande risco no país

O risco de infecção por HIV durante transfusão de sangue é dez vezes maior no Brasil do que em países desenvolvidos, de acordo com estudo da Fundação Pró-Sangue de São Paulo. Isso significa que, por ano, entre 50 e cem pessoas podem ser contaminadas. O coordenador nacional da Política de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, atribui o problema à falta de um exame mais potente para diagnosticar a presença do vírus e ao fato de o brasileiro ainda recorrer à doação para saber se é ou não portador do HIV. Segundo pesquisadores, uma em cada 60 mil bolsas de sangue coletadas está contaminada por HIV e não é identificada no teste de controle dos bancos de sangue. No país, são usadas 3 milhões de bolsas de sangue, em média, por ano, e cada uma pode ser disponibilizada a pelo menos duas pessoas. 'Embora pareçam ruins quando comparados a países desenvolvidos, os índices brasileiros são bons', garantiu a médica Ester Sabino, da fundação. A tecnologia atual dos testes para avaliar a qualidade do sangue permite detectar a presença do HIV somente 12 dias após a infecção. 'Se o doador tiver sido contaminado poucos dias antes, o teste dará negativo, a bolsa será usada e o receptor corre o risco de ser contaminado', explicou Genovez. O problema, chamado de janela imunológica, ocorre também com a hepatite. Em países desenvolvidos, a janela imunológica é reduzida pelo uso de um exame batizado de Nat, que procura encontrar traços do vírus. O Brasil deverá adotar essa tecnologia a partir do próximo ano. Com isso, a janela imunológica dos testes para Aids deverá cair de 12 para oito dias. No caso da hepatite, ela deve baixar de 70 para 14 dias.